Dados do governo federal mostram que 33,4% das exportadoras brasileiras venderam para os Estados Unidos em 2024. Em números, isso significa que das 28,6 mil empresas do Brasil que vendem produtos para outros países, cerca de 9,5 mil fecharam negócio com o mercado norte-americano.
Em volume, as exportações para os Estados Unidos somaram US$ 37,8 bilhões. Os dados são do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).
As empresas médias e grandes são as principais exportadoras aos EUA. Veja o detalhamento por porte:
- médias e grandes empresas: 5,9 mil empresas, que somaram US$ 37,2 bilhões em exportações;
- microempresas e MEIs: 2 mil empresas, que totalizaram US$ 251 milhões na balança comercial;
- pequeno porte: 1,6 mil empresas, que contabilizaram US$ 276 milhões em negócios fechados com os EUA.
Os números não consideram exportadores que não são empresas e empresas não mercantis, como estatais.
Nesse universo, estão os segmentos de máquinas e equipamentos e de madeiras processadas, que estão entre os potencialmente mais afetados pela tarifa de 50%.
Segundo a secretária de Comércio Exterior do Mdic, Tatiana Prazeres, o déficit na balança comercial entre o Brasil e os Estados Unidos superou US$ 28 bilhões em 2024, quando se consideram bens e serviços.
Desse total, cerca de US$ 21 bilhões são referentes à balança comercial de serviços e outros US$ 7 bilhões vêm da balança comercial de bens.
A tarifa atinge, sobretudo, as exportações de bens. No ano passado, as exportações brasileiras de bens para os Estados Unidos somaram US$ 40,3 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 40,6 bilhões.
Plano Brasil Soberano
Para socorrer as empresas afetadas pela tarifa de 50% dos EUA, o governo federal anunciou uma série de medidas na última quarta-feira (13).
Dentre as ações anunciadas, está a prorrogação do prazo para que as empresas consigam exportar suas mercadorias que tiveram insumos beneficiados pelo regime de drawback.
O plano de contingência também autoriza a Receita Federal a fazer diferimento de cobrança de impostos para as empresas mais afetadas pelo tarifaço. O pagamento será adiado por dois meses.
Os empresários afetados também podem acessar crédito. O governo disponibilizou R$ 30 bilhões do FGE (Fundo Garantidor de Exportações). O acesso às linhas estará condicionado à manutenção do número de empregos.
Outra medida é a ampliação das compras governamentais. União, estados e municípios poderão comprar produtos que inicialmente seriam exportados aos Estados Unidos para abastecer a merenda escolar e os hospitais públicos, por exemplo.
Tarifaço
A tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros está em vigor desde 6 de agosto. Segundo levantamento preliminar do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), a alíquota incidirá sobre 35,9% das exportações brasileiras para os Estados Unidos.
A ordem executiva assinada pela Casa Branca traz uma lista com cerca de 700 produtos que ficaram de fora da medida. Entre as exceções, estão aviões, celulose, suco de laranja, petróleo e minério de ferro.
Além disso, 19,5% das exportações brasileiras para os EUA estão sujeitas a tarifas específicas, aplicadas a todos os países. É o caso das autopeças, cuja alíquota é de 25%, aplicável a todas as origens.
De acordo com o Mdic, 64,1% das exportações brasileiras seguem concorrendo com produtos de outras origens no mercado americano em condições semelhantes.