Brasil tem cenário favorável para expandir produção, mas desafios seguem
Segundo o painel dinâmico de produtores de biometano da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, a ANP, a produção de biogás no Brasil em 2024 foi de 81,5 milhões de m³. Para o economista Gustavo Soares, os números são animadores, sobretudo ao se considerar a vasta biodiversidade e base agrícola sólida do país — cujas sobras podem “alimentar” essa estrutura.
Os setores de etanol, resíduos sólidos e agropecuária estão entre os maiores potenciais fornecedores de matéria-prima para a produção de biometano. No médio prazo, para que a estrutura de biogás se beneficie dessa oferta de resíduos, o investimento em logística e infraestrutura será fundamental para superar desafios, diz Soares. “Há também um grande potencial [de uso para a indústria de biometano] no esterco animal, considerando a grande população utilizada do Brasil. Os bois, no entanto, estão no pasto, o que gera desafios econômicos e biológicos.” De acordo com o IBGE, o país possui quase 239 milhões de cabeças de gado.
Para ele, iniciativas de incentivo aos biocombustíveis serão cruciais para a expansão do setor. Entre elas está a RenovaBio. Criada em 2017, a medida se baseia em compromissos climáticos internacionais de redução de gases poluentes e exige que empresas distribuidoras de combustíveis comprem os Créditos de Descarbonização (CBIO). O título corresponde a uma tonelada de carbono que deixa de ser emitida para a atmosfera.
Outra ação com potencial de fomento é o Combustível do Futuro, programa que promove a transição para fontes de energia mais limpas e renováveis. A partir dela, as distribuidoras de combustíveis devem comprar anualmente uma quantidade de biometano suficiente para descarbonizar sua matriz em cerca de 1% — parte de uma meta que busca incorporar 10% de gases verdes ao gás natural disponível no mercado brasileiro.
“O objetivo é descarbonizar o setor de combustíveis fósseis e valorizar a característica ambiental do biometano. Grandes emissores [de gases poluentes], como as indústrias química e siderúrgica, além das empresas [produtoras] de alumínio, serão obrigadas a alcançar uma meta de descarbonização. O biometano é uma excelente alternativa”, diz Soares.