O mercado de boi gordo apresenta um cenário relativamente favorável, com preços mais firmes e sinais de valorização sazonal, ainda que gradual, segundo Beatriz Bian, analista de mercado da Datagro.
Oferta reduzida e chuvas impulsionam retenção de animais
Na avaliação de Beatriz, a oferta de animais prontos para o abate tem desacelerado, especialmente no sistema de pastagem, o que contribui para o encurtamento das escalas de abate. Embora as entregas ainda estejam em patamares elevados historicamente, o fluxo de animais advindos de confinamentos e sistema de engorda intensiva tem enfrentado restrição.
Além disso, as recentes chuvas em diversas regiões têm favorecido a recuperação das pastagens, estimulando os pecuaristas a reterem os animais por mais tempo. Em paralelo, a entrada no período de monta retira fêmeas do ciclo de abate, reforçando a escassez de oferta. A atividade de cria também tem recebido incentivo, e o mercado de reposição , em especial o bezerro, mostra demanda crescente.
Demanda aquecida e exportações sustentam preços
No mercado interno, a segunda quinzena de outubro registrou consumo relativamente firme, e espera-se que esse vigor se intensifique no último trimestre, historicamente favorável para a pecuária. No front externo, os embarques continuam expressivos, e a incerteza nas negociações entre Brasil e Estados Unidos torna-se ponto de atenção. Também pesa o cenário internacional de oferta de carne bovina, especialmente no mercado chinês.
Beatriz salienta que “o mercado de boi gordo ensaia movimentos de valorização sazonal, mas de modo lento e moderado desde o início de outubro”.
Perspectivas e riscos
Embora o cenário seja mais equilibrado agora, o mercado não está livre de riscos. A lenta recuperação da demanda interna, variações climáticas e a dinâmica internacional (em particular os desdobramentos nas relações comerciais com os EUA e a China) podem afetar os fluxos de exportação.
Outro ponto de atenção é que a valorização esperada costuma ocorrer de forma gradual, e oscilações pontuais podem ocorrer conforme condições regionais e de escala de abate.
Em síntese, o mercado de boi gordo deve seguir com preços firmes no curto prazo, com tendência de leve valorização sazonal, desde que não ocorram choques externos ou reversões súbitas nas negociações internacionais.
Veja abaixo a cotação do boi gordo nas principais praças:
São Paulo: de R$ 316,99
Goiás: de R$ 304,65
Minas Gerais: de R$ 303,12
Mato Grosso: R$ 302,04
Mato Grosso do Sul: de R$ 319,18
Pará: de R$ 297,65
Rondônia: de R$ 286,37
Tocantins: de R$ 301,95
Bahia: de 293,00
