29/10/2025

29 de outubro de 2025 12:36

Análise: Encontro entre Xi e Trump é visto como vitória para a China

Para o líder chinês Xi Jinping, um encontro histórico com Donald Trump, esperado para esta semana, é uma oportunidade de mostrar algo que Pequim há muito busca: a China como igual aos Estados Unidos no cenário global.

A guerra comercial do presidente americano contra a China desafiou a ambição de Xi por crescimento e inovação, mas também deu a Pequim o presente inesperado de um grande destaque para exibir sua força econômica.

Enquanto grande parte do resto do mundo se apressava em agradar Trump e negociar a redução das tarifas globais impostas nesta primavera, a China respondeu com suas próprias medidas – até que ambos os lados foram forçados à mesa para uma trégua.

Nas últimas semanas, após regras dos EUA afetarem o acesso da China à tecnologia americana e mirarem sua indústria de transporte, Pequim reagiu anunciando uma ampla expansão dos controles de exportação sobre minerais raros críticos – uma medida que abalou Washington e levou Trump a ameaçar impor tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses.

Ambos os lados parecem ter recuado dessa última escalada após negociações de comércio de última hora entre os principais negociadores neste fim de semana na Malásia.

Xi e Trump agora devem se encontrar à margem de uma cúpula internacional na Coreia do Sul nesta quarta-feira (29) – seu primeiro encontro cara a cara no segundo mandato de Trump, onde se espera que concordem com um quadro para gerir suas relações econômicas. (Pequim, ao contrário de Washington, ainda não confirmou oficialmente as conversas.)

Ainda não está claro o que cada lado concordou em ceder para chegar a esse ponto – e este é apenas um marco em uma competição complexa e volátil entre superpotências.

Mas também será um momento em que Xi entra na sala após consolidar uma nova realidade nas relações EUA-China: a China negociará, mas não se deixará intimidar.

“A China está muito calma”

Tudo isso não significa que os riscos não sejam altos para Xi.

Em vez de EUA e China trabalharem juntos nas ameaças globais como um “G2” das economias mais poderosas do mundo, Pequim vê os EUA tentando frear sua ascensão com tarifas, controles de exportação de alta tecnologia e atritos políticos.

As tarifas atuais dos EUA sobre produtos chineses – que chegam a mais de 50% em média – estão pressionando a economia do país, que já está em desaceleração, e esses impostos poderiam mais do que dobrar caso os dois líderes não encontrem um acordo.

Enquanto autoridades dos EUA destacam a habilidade de Trump em “criar alavancagem” para pressionar a China, do lado de Pequim, o país também vê sucesso em sua estratégia.

Por lá, a percepção é que a China está pronta para esse confronto: criou alavancagem natural por meio do domínio estratégico sobre a cadeia global de minerais raros; diversificou o comércio para depender menos do mercado norte-americano; e tem buscado acelerar a inovação que permitiria reduzir a dependência de produtos americanos, como semicondutores de ponta.

Pequim estava “totalmente preparada” para como Trump poderia agir em relação à China ao iniciar seu segundo mandato, segundo Wang Yiwei, diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade Renmin, em Pequim.

“Mas, do lado dos EUA, qualquer tarifa ou medida tomada pela China ajudou o presidente Trump a perceber que a capacidade da China é diferente de oito anos atrás… e ele entende que o que mudou é que os EUA não são mais a potência dominante”, disse Wang.

Pequim também continua a se proteger contra choques futuros – incluindo no seu próximo plano quinquenal, que busca aprofundar um impulso de cima para baixo pela autossuficiência tecnológica e industrial.

“A China está muito calma diante de todos esses conflitos e dificuldades criados pelos Estados Unidos”, disse Wang Wen, reitor do think tank Chongyang Institute for Financial Studies da Universidade Renmin, em Pequim, a um grupo de jornalistas na semana passada.

“Os Estados Unidos ainda são um parceiro importante, mas, no panorama da China, os EUA estão perdendo sua importância”, acrescentou Wang.

Dois homens fortes

Ambos os lados deram sinais positivos após as negociações comerciais no fim de semana, com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sugerindo que Pequim adiaria seus controles sobre os metais de terras raras, enquanto os EUA recuariam na ameaça de tarifa de 100% e estenderiam uma trégua tarifária anterior.

Mas a China não fez tais declarações, e ainda há risco de que os dois líderes não cheguem a um consenso ou que um comentário imprudente comprometa a delicada détente. Como costuma ocorrer na diplomacia de Trump, muito pode depender da química entre os dois no dia da reunião, que se encontraram pela última vez em 2019. Essa dinâmica ficou evidente na terça-feira no Japão, onde Trump se deu bem com a nova primeira-ministra conservadora, Sanae Takaishi, e prometeu que, se o Japão precisasse de qualquer favor, os EUA estariam à disposição.

No encontro com Trump, as principais prioridades de Xi serão tentar que os EUA reduzam tarifas e revertam controles de exportação, segundo analistas. Para conseguir isso, ele pode estar disposto a flexibilizar ou adiar os mais recentes controles chineses sobre metais de terras raras.

A China impôs esses controles para “coagir os EUA a não aplicarem sanções abrangentes sobre o país”, mas sim limitar as sanções a “apenas alguns setores de segurança nacional”, disse o analista de relações exteriores Shen Dingli, com base em Xangai.

Se isso funcionará na prática será testado na quinta-feira, em uma reunião na qual Pequim espera que Trump trate Xi com o tipo de respeito e cordialidade pelo líder chinês que ele vem demonstrando nos últimos meses e durante a campanha eleitoral.

O principal diplomata da China, Wang, fez um lembrete sutil disso em sua ligação com Rubio na segunda-feira.

“Xi e Trump são ambos líderes de classe mundial, que se envolveram um com o outro por um longo período e com respeito mútuo”, disse Wang, de acordo com um resumo da conversa. “Preservar o espírito de igualdade, respeito e benefício mútuo” é uma condição-chave para “avançar no relacionamento bilateral”, acrescentou.

 

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