O Fórum de Sorriso é palco, nesta sexta-feira (14/11), a partir das 8h30, do julgamento de um dos casos mais marcantes da história do município: o júri popular de Antônio Ramos Escobar, apontado como suspeito de sequestrar, estuprar e matar Sara Vitória Fogaça Paim, que desapareceu em 1º de junho de 2010, aos 5 anos de idade. Hoje, Sara teria 20 anos.
Escobar, pedreiro e catador de recicláveis, está preso e chegou a confessar o crime, afirmando ter levado a criança em uma bicicleta até uma construção próximo ao estádio municipal, onde ela teria sido abusada, morta e enterrada. Contudo, o corpo da menina jamais foi encontrado, apesar das diversas escavações realizadas pela Polícia Judiciária Civil (PJC).

O desaparecimento completou 15 anos em junho de 2025, e, desde então, várias pessoas chegaram a ser investigadas, mas o caso continuou sendo um enigma para as forças de segurança de Mato Grosso.
Defesa aponta “novo suspeito”
Mesmo com a confissão, a Defensoria Pública de Mato Grosso tenta afastar Escobar do júri popular. No processo, o defensor Thiago Almeida Morato Mendonça argumenta que o réu teria sido torturado para confessar e que os indícios apontariam para um novo suspeito: Jonas Ribeiro dos Santos, denunciado pelo próprio tio.
Segundo o relato, Jonas tinha comportamento introvertido com todos, exceto com Sara, a quem “comprava doces e segurava no colo”. No dia do desaparecimento, ele afirmou ao tio que “iria pescar”, versão que não repetiu a outras pessoas. Pouco após o sumiço da criança, Jonas deixou Sorriso e, segundo a defesa, teria cometido novos crimes em Minaçu (GO) e Ananindeua (PA) — incluindo o estupro e assassinato da própria irmã, em 2014.
A defesa anexou ao processo documentos e depoimentos reforçando a suspeita sobre Jonas. No entanto, ele já está morto, e isso pesou na decisão judicial.
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Justiça mantém réu para julgamento
O habeas corpus analisado pela Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso manteve a pronúncia de Escobar ao júri popular. O relator, desembargador Gilberto Giraldelli, destacou que o réu foi visto com a camisa suja de sangue, com marcas semelhantes às de uma mão infantil, supostamente de Sara. O magistrado também citou a fuga de Escobar no dia seguinte ao desaparecimento, permanecendo sete meses fora da cidade.
“Há indícios de autoria para que ele seja submetido ao Tribunal do Júri. Não posso decidir para furtar a apreciação do juízo natural”, afirmou Giraldelli.
Com o entendimento unânime da Câmara Criminal, ficou definido que o pedreiro deve ir a julgamento. Ele foi pronunciado ainda em julho de 2022, mas somente agora o caso chega ao Tribunal do Júri.
Um julgamento aguardado há 15 anos
O caso de Sara Paim mobilizou Sorriso e ganhou repercussão nacional, sobretudo pela ausência do corpo e pela série de contradições, hipóteses e investigação complexa que o cercaram. A sessão do júri popular desta sexta-feira promete ser acompanhada de forte comoção, expectativa e atenção da comunidade.
O julgamento busca, após década e meia, dar novos passos em direção à verdade sobre o que aconteceu com a menina que desapareceu a poucos metros de sua casa e deixou uma cidade inteira marcada pela dor e pela incerteza.
NORTÃO MT
