Em seus melhores momentos, “A Melhor Irmã”, série da Amazon Prime Video, é um novelão competente sobre duas mulheres distanciadas —as irmãs do título— que abruptamente se veem sob o mesmo teto após o marido da caçula, que é também o ex-marido da primogênita, ser assassinado. Nos piores, é um amontoado de clichês com boa produção.
Inspirada em uma obra homônima da escritora de romances policiais Alafair Burke, ela acompanha
Chloe (Jessica Biel), diretora de uma importante revista de moda que aspira a uma carreira política, depois que ela encontra o marido, o advogado Adam (Corey Stoll), esfaqueado e morto na casa de praia do casal.
Como prega o gênero, todos são suspeitos, inclusive Adam, Ethan (Maxwell Acee Donovan), um adolescente insípido fruto do casamento do pai com Nicky (Elizabeth Banks), a irmã-problema de Chloe.
Nicky perdeu a guarda do filho para o ex-marido, mas, uma vez que este está morto, ela se torna a responsável legal pelo rapaz. A essa altura, Ethan já considera a tia como mãe, e as duas precisam se juntar para livrá-lo da cadeia e descobrir o autor do crime.
Todos os lugares-comuns do gênero estão ali: uma irmã é bem-sucedida e certinha, ungida por uma poderosa executiva de mídia (Lorraine Toussaint); a outra é dependente química e mal consegue manter a vida no prumo; há um passado de abusos na família; há uma grande firma de advocacia cheia de segredos e sócios suspeitos; há uma dupla de policiais composta por uma agente durona e esperta (Kim Dickens) e outro de coração mole (Bobby Naderi).
Com alguma competência, contudo, a roteirista Olivia Milch consegue rodar a roleta de suspeitos e embaralhar as apostas do público ao longo dos oito episódios. Embora pouco ali realmente surpreenda, a série consegue entreter do início ao fim.
Muito disso se deve à atuação de Elizabeth Banks (de “Jogos Vorazes”), que imprime uma dose precisa de fragilidade e voluntarismo a sua Nicky, uma mulher que alucina sobre o passado e tem dificuldade para visualizar seu futuro.
Biel apresenta sua típica sequência de caras e bocas, e já teve atuações melhores na linha beldade-perturbada-suspeita (em “The Sinner”, por exemplo). O restante do elenco cumpre tabela, e só.
Com farta oferta de séries sobre ricos que se envolvem em tramas sórdidas (até no sub-subgênero “irmãs distanciadas” houve amostra recente, “Sereias”), “A Melhor Irmã” não faz muito para sobressair.
Há menções en passant dos ataques a Chloe na internet, que conferem alguma atualidade à trama e acabam subaproveitados. O personagem adolescente é inexpressivo, e não apenas parece não ter preferência entre a mãe biológica e a que o criou como não aparenta comoção com a forma como sua família derrete.
Os chefes poderosos são unidimensionais, servindo somente para multiplicar o número de suspeitos, e mesmo a dupla de policiais, que serve algum alívio cômico no início, acaba perdendo o ritmo muito antes do clímax.
Apesar de suas boas apostas em produções brasileiras, a plataforma ligada ao gigante do comércio online Amazon parece ficar para trás de suas concorrentes, se o Emmy atesta algo: foram 12 as indicações recebidas pelo streaming neste ano, ante 142 da HBO Max, 120 da Netflix e 81 da Apple TV+.
Os oito episódios de “A Melhor Irmã” estou disponíveis no Prime Video
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