15/07/2025

15 de julho de 2025 07:36

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Ana Maria Gonçalves, ‘Superman’ e o imaginário em disputa – 13/07/2025 – Bianca Santana

“Mãe, a gente pode ir ao cinema amanhã?” Não é todo dia que recebo um convite do meu filho de 14 anos. Quase sempre, ele, a irmã e o irmão me pedem um Pix para saírem com os amigos, e no máximo levo ou busco. Mesmo que a agenda não estivesse livre, não tive dúvidas sobre remanejar o programado para assistir “Superman” com o pequeno-grande.

Era quinta, 10 de julho, e Ana Maria Gonçalves havia sido eleita para a Academia Brasileira de Letras. A primeira mulher negra em 128 anos. Até nossa República racista e machista foi mais rápida, permitindo que Antonieta de Barros fosse eleita deputada estadual em Santa Catarina, em 1934, que Benedita da Silva fosse eleita a primeira vereadora negra no Rio, em 1982, e depois primeira deputada federal, em 1986, e primeira senadora, em 1994.

Até a Academia Francesa, símbolo da “alta cultura” eurocêntrica, elegeu Maryse Condé, nascida em Guadalupe, em 2023. Imaginem minha euforia com a eleição de Ana Maria para a ABL. No início do filme, não resisti a espiar o celular vez ou outra, mas o “mãe!” foi suficiente para me repreender e focar na tela.

Lex Luthor é um empresário armamentista que inventa guerras e brinca, ele mesmo, de comandar um exército sentado em computadores, digitando golpes que atingem fisicamente o Super-Homem. Tem até campanha de destruição de reputação nas redes, com centenas de macaquinhos treinados para disseminar notícias falsas e discurso de ódio nas redes.

Um estadista machista e extremamente autoritário é peça na engrenagem de Luthor por dinheiro, poder e, mais importante, o desejo de destruir o herói norte-americano que foi inventado em oposição ao nazismo na década de 1930.

Lois Lane, além de par romântico de Clark Kent, é uma baita repórter que trabalha em conjunto com seus colegas para denunciar a falácia da guerra e mostrar os interesses ocultos de quem a promove.

Longe de ser um filme profundo ou de muitas complexidades, “Superman” me pareceu empenhado em mostrar os desafios do nosso tempo. Se antes, os norte-americanos apoiavam incondicionalmente o super-herói, em 2025, uma campanha de difamação pode colocar as pessoas contra ele.

Além de Lois, quem mais se mobiliza para ajudar o Super-Homem é um vendedor de comida de rua, com traços e nome indianos, nascido nos Estados Unidos. O homem não-branco, que parece imigrante mas é afirmado como cidadão americano, segue confiando no herói da esperança, da justiça e da liberdade. Mesmo que a massa do país, branca e negra, caia no jogo produzido pela aliança entre um empresário perturbado e um estadista autoritário.

O Super-Homem, nascido no planeta Krypton, toma consciência de sua humanidade a partir da relação com a mãe e o pai adotivos, gente simples do interior dos EUA, que educa uma criança com amor e valores de bondade e justiça. Ele escolhe usar seus poderes para ajudar as pessoas. E, quando não está voando de capa, usa óculos de grau para investigar os poderosos como repórter.

Voltando para casa depois do filme, meu filho pergunta: “Você entendeu, né? A Faixa de Gaza? Elon Musk e Donald Trump? A questão da imigração?” Acho que entendi sim, meu filho, mas me explica? Pedro, aos 14 anos, me explicou tão bem, que me inspirou a escrever a coluna sobre um super-herói, na semana em que Ana Maria Gonçalves é eleita imortal.


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