Em um mundo despedaçado pelas guerras e pelo extremismo e desesperançado em relação à crise climática, o slogan ‘missão 1,5ºC’ também caiu pelas tabelas. Não tem clima para falar em conter o aquecimento global médio em até 1,5ºC quando a ciência já atesta que vamos mesmo ultrapassá-lo. A meta agora é fazer o retorno.
É aí que a adaptação pode ganhar status de pauta global: justamente quando o mundo tende a abandonar a cooperação e o multilateralismo para, diante do caos climático inevitável, ir cada um cuidar do seu quintal.
As migrações forçadas de pessoas desalojadas pela crise climática são só um lembrete de que o clima seguirá dissolvendo fronteiras. Para além disso, financiar globalmente a adaptação climática pode ser um chamado para contornar o aquecimento global e retornar aos patamares inferiores a 1,5ºC.
Desta vez, não só através de medidas reducionistas que buscam apenas retirar o carbono da atmosfera, mantendo o mundo à beira do abismo social, econômico e ambiental, mas a partir de um olhar transversal, que enxerga a adaptação como um veículo para um desenvolvimento mais justo, próspero e cooperativo. Uma profunda revisão de modelo inspirado no chacoalhão do clima.
Este é o convite feito pela presidência da COP30, em carta publicada hoje.
“Em cada momento decisivo de nossa evolução, nossa espécie conquistou seu lugar neste planeta por meio da adaptação – aprendendo, inovando e transformando as próprias condições da vida. A adaptação sempre exigiu a coragem de abandonar o que já não nos serve, preservando, ao mesmo tempo, aquilo que nos define”, diz a carta.
