O comitê interministerial criado para definir a resposta brasileira à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos do Brasil se reúne nesta sexta-feira (18) com representantes do setor mineral — apontado como peça-chave nas negociações com o governo de Donald Trump.
A reunião será comandada pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), e contará com a presença do diretor-presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), Raul Jungmann.
Autoridades brasileiras ouvidas pela reportagem avaliam que os minerais — sobretudo as terras raras — podem receber um tratamento especial no contexto das tarifas.
A movimentação ocorre em meio a uma corrida global por minerais raros, insumos essenciais para a produção de baterias, semicondutores e tecnologias de ponta.
Hoje, esse mercado é dominado quase exclusivamente pela China. Reduzir a dependência em relação a Pequim tem sido uma das prioridades da nova gestão Trump.
E quem desponta como principal interessado nos minerais brasileiros, hoje comprados majoritariamente pela China, são justamente os americanos. Atualmente, o mercado chinês responde por cerca de 70% das exportações do setor mineral do Brasil.
Somente em 2025, já ocorreram duas reuniões entre representantes enviados por Trump e autoridades brasileiras para tratar do tema. Na mais recente, no fim de junho, o representante norte-americano foi o encarregado de Negócios da embaixada dos EUA, Gabriel Escobar.
A pauta da reunião foi avaliar possibilidades de cooperação entre Brasil e Estados Unidos na produção de minerais críticos. O encontro foi organizado pelo Ibram.
As autoridades brasileiras também avaliam que há margem para incluir no “regime especial” minerais estratégicos como lítio, cobalto e níquel.
Um dos principais argumentos do Brasil na mesa de negociação com os EUA será justamente a dominância chinesa nesse mercado.
A China detém mais de 80% da capacidade global de produção de células de bateria, além de concentrar mais da metade do processamento mundial de lítio e cobalto, segundo dados da Agência Internacional de Energia.
Reunião entre governo e empresários
O governo federal iniciou, na última terça-feira (15), uma série de reuniões com representantes do setor privado para discutir alternativas e estratégias de negociação com os Estados Unidos.
A ideia do Planalto é aproveitar a interlocução e o acesso dos empresários brasileiros ao mercado dos EUA para alinhar o discurso entre os setores público e privado e definir a melhor estratégia de negociação.
O vice-presidente argumenta que, antes de o governo tomar qualquer decisão, é fundamental ouvir o setor privado, que tem ligação direta com o mercado norte-americano.