Do meu lado, ignorei os poréns e aproveitei tudo que o futebol pôde me oferecer até ontem, brindada com surpresas até na final. Com pitadas de Libertadores, o PSG, que vinha de uma sequência de 15 x 0 sobre adversários europeus, tomou logo 3 do Chelsea, que chegou aos Estados Unidos naquela vibe “que porre estar aqui” e voltou para Londres com o troféu.
Pois foi justamente este momento que a Fifa fez questão de estragar para qualquer pessoa com um átomo de apreço pela democracia e a decência no corpo. Não bastou colocar Donald Trump (fascista, golpista, estuprador, imbecil, escolha seu adjetivo) no pódio, forçando todos os premiados a apertar aquela mão asquerosa e baixar o pescoço para receber dele suas medalhas. Não. Permitiram também que ele se inserisse em um dos momentos mais icônicos da história do Chelsea. Para sempre, quando torcedores e torcedoras do mundo inteiro voltarem a assistir o evento, estará lá o protótipo laranja de ditador. Ditador larápio, diga-se: botou tranquilamente no bolso do paletó uma das medalhas de campeão.
Infantino até tentou tirá-lo do palco depois de entregar os grandes círculos dourados a Reece James, mas era óbvio que o midiático presidente não perderia a oportunidade de se inserir em uma cena tão positiva de repercussão global. Depois de violentar mulheres, defender um golpe de Estado, apoiar a aniquilação do povo palestino, empreender violência contra seus próprios cidadãos, falar impropérios que causariam arrepios em gente da pior espécie, lá estava ele. Sorridente e validado como um líder legítimo, ainda que sob o constrangimento palpável das estrelas responsáveis pelo espetáculo. Cole Palmer que o diga.
De novo, a Fifa mostrou que não podemos baixar a guarda nem por um segundo. O maior desgosto é sempre o próximo.
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