Ao menos 110 integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de órgãos vinculados, como bancos públicos, viajaram a Nova York para participar da 80ª Assembleia-Geral das Nações Unidas e de eventos paralelos. Dados do Portal da Transparência atualizados até quarta-feira (24) indicam despesas de R$ 4,31 milhões apenas com a delegação que acompanhou o chefe do Executivo.
Os registros apontam gastos de R$ 2,8 milhões com hospedagem e R$ 1,5 milhão com aluguel de veículos. O Ministério das Relações Exteriores informou que as despesas ainda estão “em execução” e serão integralmente divulgadas nos sistemas oficiais.
Comitiva ampliada
Entre os integrantes da comitiva estão ministros de Estado, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, e o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT). O governo ainda não publicou no Diário Oficial da União a lista completa da comitiva presidencial de 2025, mas as autorizações de viagem já foram expedidas para a maioria dos nomes.
Além de representantes do Itamaraty, viajaram a Nova York funcionários do Banco do Brasil, do BNDES e de outros órgãos federais. Em 2024, o governo enviou 161 pessoas para a Assembleia-Geral, incluindo oito ministros. A comparação entre os dois anos ainda não é possível, pois parte das informações de diárias e despesas adicionais leva meses para ser registrada no Portal da Transparência.
O Itamaraty custeia hospedagens e serviços logísticos da comitiva. Em 2024, os gastos chegaram a R$ 8 milhões, conforme dados enviados ao Congresso Nacional.
Participação no evento
Lula embarcou no domingo (21) e discursou na terça-feira (23), como é tradição para o Brasil, o primeiro país a se pronunciar na Assembleia-Geral. Na fala, o presidente defendeu a democracia brasileira, criticou a “inação das maiores economias diante do genocídio na Faixa de Gaza” e declarou que “o autoritarismo se fortalece quando nos omitimos frente a arbitrariedades”. O petista também fez menção ao julgamento que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão por participação em tentativa de golpe.
A participação do governo no evento foi marcada ainda por restrições impostas pela administração Trump. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, desistiu da viagem por limitações à sua circulação em Nova York. Já o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, teve o visto suspenso, mas conseguiu reverter a decisão e integrou a comitiva. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, optou por não comparecer apesar de ter obtido o visto.
Encontro com Trump
Após o discurso, Lula teve um breve encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O norte-americano disse ter sentido “uma excelente química” durante os segundos em que os dois conversaram nos bastidores. “Eu só faço negócios com pessoas de quem eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 39 segundos nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal”, declarou Trump.
Essa foi a primeira vez que Lula e Trump dividiram o mesmo ambiente desde a imposição de sanções americanas contra autoridades brasileiras.