O dólar encerrou a segunda-feira (14) em alta de 0,65%, cotado a R$ 5,5837, atingindo o maior patamar em mais de um mês.
A valorização reflete o nervosismo dos investidores diante das novas tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que incluiu o Brasil em alíquota de 50% para produtos importados.
Na mesma sessão, o Ibovespa recuou 0,65%, fechando aos 135.299 pontos, sob pressão das empresas exportadoras e do setor financeiro.
Tarifas americanas pressionam câmbio e exportadores
Na semana passada, Trump anunciou taxa de 50% sobre produtos brasileiros, medida que deve entrar em vigor em 1º de agosto. Exportadores de mel orgânico, pescados, café, carne bovina e suco de laranja relatam embarques antecipados na tentativa de driblar o aumento.
A elevação do dólar agrava a inflação local e aumenta o custo da importação de insumos. Se a moeda americana permanecer em alta, projeta-se manutenção dos juros brasileiros no patamar de 15% ao ano — nível mais elevado em quase duas décadas — o que freia o crescimento econômico e pode levar o país à recessão, adverte o economista Robson Gonçalves, da FGV.
Brasil articula resposta
No domingo (13), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu ministros e o presidente do Banco Central no Palácio da Alvorada para traçar uma estratégia de reação ao “tarifaço”. Seria criado um comitê de empresários para avaliar medidas e negociar com Washington.
Na sequência, o vice-presidente Geraldo Alckmin destacou que o decreto de reciprocidade deve ser publicado até terça-feira (15). Trump, porém, advertiu que, em caso de retaliação, elevará ainda mais as alíquotas sobre produtos brasileiros.
Tensão global de tarifas
Além do Brasil, a UE e o México enfrentam alíquotas de 30%, enquanto a Rússia pode sofrer “tarifas severas” de até 100% caso não avance na negociação de paz com a Ucrânia em 50 dias. A expectativa de agravamento do protecionismo reacende temores de inflação global e pressiona o Fed a manter juros altos, o que tende a fortalecer o dólar frente a outras moedas.
Prévia do PIB em queda
No front doméstico, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, registrou queda de 0,7% em junho — a primeira retração do ano — reforçando a percepção de arrefecimento da atividade econômica.
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