A duplicação da BR-163 em Mato Grosso, considerada uma das maiores obras rodoviárias em andamento no país, avança em ritmo acelerado e promete alterar de forma definitiva a dinâmica logística do principal corredor de exportação do agronegócio brasileiro. Lançadas em diferentes fases desde 2023, as intervenções envolvem aportes públicos e privados que ultrapassam a casa dos bilhões de reais e vêm trazendo ganhos imediatos à segurança viária, ao transporte de cargas e ao desenvolvimento regional.
Trechos prioritários e metas de duplicação
Os principais esforços se concentram no eixo que liga Diamantino a Sinop, passando por municípios essenciais ao agronegócio, como Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum. A meta consolidada entre governo estadual, concessionária e Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) projeta cerca de 444 km duplicados, além de obras estruturantes como viadutos, pontes, contornos e dispositivos de segurança.
Em várias frentes de serviço, equipes trabalham simultaneamente na abertura de novas pistas, implantação de drenagem, recuperação de pavimento antigo e construção de passagens em desnível, consideradas fundamentais para separar o tráfego urbano do pesado fluxo de caminhões.
Motoristas que utilizam a rodovia diariamente já percebem a mudança.
“Antes a gente enfrentava filas enormes e ultrapassagens perigosas. Hoje, nos trechos duplicados, o fluxo é muito mais rápido e seguro,” afirma o caminhoneiro Reginaldo Lima, que transporta soja entre Sorriso e o terminal ferroviário de Rondonópolis.
Investimentos bilionários e múltiplas fontes de recursos
O pacote financeiro que sustenta as obras é um mosaico complexo de recursos estaduais, federais, financiamentos e investimentos da concessionária Nova Rota do Oeste:
- Repactuação entre concessionária e ANTT: cerca de R$ 9 bilhões previstos para até oito anos, cobrindo duplicações, recuperação de pista e melhorias complementares.
- Governo de Mato Grosso: aportes diretos já superam R$ 1,6 bilhão, além de pacotes anunciados acima de R$ 2,35 bilhões para acelerar frentes prioritárias.
- Financiamentos federais: operações do BNDES e outras fontes garantem mais de R$ 5 bilhões voltados especificamente à duplicação de cerca de 444 km.
- Pacotes recentes: rodadas adicionais de serviço totalizam valores na faixa de R$ 448 milhões, contemplando trechos entre Várzea Grande e Jangada e implantação de sistemas de tecnologia e segurança.
Segundo o governador Mauro Mendes, o esforço conjunto é inédito.
“Nunca se investiu tanto na BR-163. Estamos corrigindo um atraso histórico para garantir que Mato Grosso continue produzindo e escoando com eficiência.” declarou ao site Nortão MT.
Impacto direto no agronegócio
A BR-163 é responsável por escoar milhões de toneladas de soja, milho e algodão produzidos no norte do estado. A duplicação traz ganhos logísticos que se refletem no custo final das commodities:
- Menor tempo de viagem e mais velocidade média, reduzindo o consumo de combustível e o valor do frete.
- Menos gargalos e filas de caminhões, especialmente em perímetros urbanos que antes sofriam com lentidão e alto risco de acidentes.
- Maior previsibilidade na safra, com pistas mais resistentes a temporadas de chuvas e erosões.
- Aumento da capacidade diária de fluxo, essencial em safras recordes como as de Mato Grosso.
Profissionais do agro comemoram
“Quando a rodovia para, a colheita para. A duplicação diminuiu o risco de atrasos e deixou o transporte bem mais confiável,” avalia Eder Poletto, Engenheiro agrônomo de Sorriso.
Queda expressiva nos acidentes
Nos trechos já entregues entre Diamantino e Nova Mutum, os resultados são considerados exemplares. Levantamentos recentes mostram:
- Redução de até 82% nas mortes após a liberação de novos segmentos duplicados;
- Queda geral de 24,5% nas fatalidades no primeiro semestre de 2025, considerando toda a malha sob gestão da Nova Rota do Oeste.
Especialistas atribuem a melhora à separação total de fluxos, eliminação de ultrapassagens perigosas, construção de retornos em desnível, melhorias no acostamento e reforço da sinalização.
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Para quem roda a BR-163 há décadas, a diferença é clara.
“A pista nova salva vidas. A gente vê menos colisões frontais, que eram o terror de todo caminhoneiro,” relata Pedro Gonçalves, motorista de transporte de algodão.
Geração de empregos e fortalecimento da economia local
A mobilização de grandes obras gerou milhares de empregos diretos e indiretos na construção civil, além de impulsionar o setor de serviços em cidades próximas aos canteiros: restaurantes, oficinas, hotéis e lojas de suprimentos foram diretamente beneficiados.
Riscos e desafios pela frente
Apesar dos avanços, ainda há obstáculos que podem afetar o ritmo do projeto:
- Clima: chuvas intensas podem interromper frentes de trabalho e atrasar cronogramas.
- Trechos ainda não duplicados: segmentos isolados criam gargalos temporários, limitando a plena fluidez do corredor.
- Dependência de repasses contínuos: a execução depende da sincronização entre Estado, concessionária e ANTT para evitar paralisações e custos extras.
A duplicação da BR-163 representa um divisor de águas para Mato Grosso. Os investimentos bilionários, distribuídos entre União, Estado, concessionária e financiadores, já mostram resultados concretos na redução de acidentes, aumento da eficiência logística e fortalecimento do agronegócio.
O sucesso pleno do empreendimento, porém, exigirá continuidade nas frentes de duplicação, cumprimento rigoroso dos cronogramas e manutenção adequada do que já foi entregue. Se esses fatores se consolidarem, a BR-163 poderá se transformar definitivamente em um dos corredores mais eficientes do país, impulsionando a economia mato-grossense por décadas.
Por Lucas Torres – Nortão MT
