A imagem no meu monitor estava com delay. Então, escutei os gritos na rua e pensei: será que o Brasil empatou? Não parecia possível pelo que eu via em campo. O Brasil estava mal, o jogo estava virtualmente acabado, a Colômbia vencia com méritos por 3×2, era praticamente campeã da Copa América – paciência, a gente segue, a vida é assim, deixa pra lá. Mas aí a defesa colombiana rebateu e a bola sobrou para Marta sem marcação fora da área. Caiu na perna esquerda da mulher. Marta armou o chute com aquele estilo que é só seu e meteu um balaço ali da intermediária. A rua estava certa. Era mesmo o gol de empate do Brasil. Um Brasil que começa a engajar a massa, a fazer vibrar, a conquistar a admiração do torcedor dos bares e botequins – coisa que a seleção masculina já não faz mais. Eu não escuto as ruas aqui no bairro gritando com gols do Brasil dos homens há anos.
Um jogo insano, doido, ensandecido, o Brasil marcando de forma distante desde o começo, a Colômbia empolgada e no ritmo da craque Linda Caicedo. Colombia abriu o placar, Brasil empatou em cobrança de pênalti no último segundo do primeiro tempo, a Colômbia fez dois a um, Amanda Gutierrez empatou e a Colômbia fez três a dois já no finalzinho do jogo. O Brasil estava perdido em campo, a Colômbia já celebrava o título, os acréscimos já estavam esgotados, a torcida colombiana em festa quando a bola achou o pé esquerdo de Marta e a rua – e a rede – explodiram.
Seis gols em duas defesas que eram, até aqui, quase imbatíveis: Colômbia tinha levado apenas um gol e o Brasil, dois.