Na semana passada, na casa de uma amiga, não deixamos uma delas entrar no uber embriagada. Quando percebemos que ela havia passado do ponto seguro, nos organizamos para levá-la para sua casa. Em todas as oportunidades que mulheres saem do bar após uma noitada, eu só durmo quando a última manda a selfie no elevador: “cheguei”. Ufa, está todo mundo bem.
Uma vez, uma amiga pegou meio comprimido em seu canudinho, no drink, em um bar. Outra, sempre alerta, percebeu que poderia dar algo muito errado ali. Era um “boa noite cinderela” e ela desmaiou poucos minutos antes de entrar no carro. Foi levada pelas meninas para casa e dormiu 17 horas. E se elas não estivessem lá? E se, diferentemente de Heleninha, ela só percebesse a enrascada, dopada como estava, quando fosse tarde demais?
Conversando com amigos fora do Brasil, uma garota percebeu o gestual do garçom de longe: “are you ok?” Ela, entre muitas cervejas, demorou para entender que ele estava preocupado com a abordagem insistente de um dos amigos da turma. Ficou em choque: o funcionário do bar intercedeu para que ela não fosse molestada sem perceber. Nem era uma situação de risco, mas quantas como essa seriam evitadas se tivesse mais gente alerta?
Importunação é contra a lei no Brasil, mas me conta se um barman já impediu um homem de ser inconveniente com você no bar? Comigo nunca aconteceu: tive que sempre fazer a Heleninha (sem a violência dela, apenas porque não tenho força e vivo com medo de tudo) e sair da enrascada sozinha.
Eu queria que mais gente olhasse pelas mulheres em bares. Enquanto isso, permanecemos juntas, checando quem chegou em casa até a última selfie.
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