Para o cientista político Maurício Santoro, professor no Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha, “a crise na Venezuela reforça a importância de investir em defesa, em contraste com a realidade brasileira dos últimos anos, que foi de cortes”.
O projeto original de Portinho previa aumentar o percentual do PIB para o Ministério da Defesa, de 1% para 2%, mas “não seria a melhor solução criar uma nova obrigação”. O compromisso “não resolve o problema de longo prazo, mas dá certo alívio”, segundo Santoro.
O analista estratégico Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, coronel da reserva, avalia que “esse aumento das tensões mostrou aos políticos que a situação não pode continuar como está”. Segundo ele, o quadro já era conhecido, mas “agora está à vista de todos”.
Sobre o eventual encontro entre Lula e Trump, diz não saber “até que ponto o presidente tem capacidade de mudar alguma coisa” na situação regional. “O Brasil como Estado não tem capacidade de interferir em qualquer decisão que seja tomada, não tem muito o que fazer.”
Ele alerta em especial para, no próprio domingo, o exercício militar dos EUA em Trinidad e Tobago. “Fica a dez quilômetros da costa da Venezuela. Ainda está no contexto da pressão, para fomentar uma possível divisão no regime. Se houver uma ação, será pontual. Um ataque de míssil ou uma ação com forças especiais.”
Um cenário que ele vê como possível também para a Colômbia. “O que o Brasil pode fazer é colocar sua posição, contra intervenções militares. Está no artigo quarto da nossa Constituição.”
