O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizaram neste domingo (26) sua primeira reunião bilateral, durante encontro na cidade de Kuala Lumpur, na Malásia. A conversa ocorreu no Centro de Convenções da capital malaia, com início às 15h30 no horário local, e teve duração de aproximadamente 50 minutos.
Ambos os chefes de Estado estavam acompanhados de suas respectivas equipes diplomáticas e econômicas. O ponto central do diálogo foi a relação comercial entre os dois países, com destaque para o pedido brasileiro de suspensão temporária das tarifas de até 50% aplicadas sobre produtos nacionais desde julho.
“É uma grande honra estar com o presidente do Brasil”, afirmou Trump, segundo a emissora CNN. “É um grande país e eles estão indo muito bem até onde eu sei.” Lula, por sua vez, expressou otimismo com os desdobramentos da reunião. “Espero que a imprensa tenha boas notícias ao final deste encontro”, disse.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a solicitação brasileira inclui a suspensão das tarifas durante o período de negociação. “O Trump não suspendeu o tarifaço. O Brasil pediu uma suspensão durante um período de negociação”, afirmou a jornalistas. Ainda neste domingo, representantes dos dois governos devem se reunir novamente para avaliar a proposta.
O presidente norte-americano sinalizou abertura para uma resolução rápida sobre o tema. “Vamos chegar a uma conclusão rápida sobre tarifas”, declarou Trump durante a reunião, conforme relato oficial divulgado pela Casa Branca.
Além das tarifas, a conversa incluiu temas diplomáticos e estratégicos. Lula defendeu a América do Sul como zona de paz e propôs colaboração em questões envolvendo a Venezuela.
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi citado por Trump. “Sempre gostei dele. Me sinto muito mal pelo que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era um cara honesto, mas ele já passou por muita coisa”, disse o líder americano.
Trump também comentou a relação com a China, atual principal parceiro comercial do Brasil, e indicou que pretende se reunir em breve com o presidente Xi Jinping. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ressaltou que Washington busca um alinhamento maior com o Brasil, mesmo reconhecendo obstáculos.
“Acreditamos que, a longo prazo, é benéfico para o Brasil nos tornar seu parceiro comercial preferencial em vez da China — por causa da geografia, por causa da cultura, por causa de um alinhamento em muitos aspectos”, disse Rubio.
Rubio também mencionou preocupações com o ambiente institucional brasileiro. “Temos alguns problemas com o Brasil, particularmente como eles têm tratado alguns de seus juízes, têm tratado o setor digital nos Estados Unidos, os indivíduos localizados nos Estados Unidos por meio de postagens nas redes sociais”, afirmou. “Mas o presidente vai explorar se há maneiras de superar tudo isso, porque achamos que será benéfico fazê-lo.”
Durante o encontro, Lula entregou uma pauta escrita com os principais interesses do Brasil. Antes do início oficial, o presidente brasileiro solicitou a retirada da imprensa para otimizar o tempo da reunião, o que foi acatado por Trump, que comentou o teor repetitivo das perguntas feitas por jornalistas.
Participaram da reunião os seguintes nomes: Marco Rubio, secretário de Estado dos Estados Unidos; Scott Bessent, secretário do Tesouro; Jamieson Greer, do Escritório do Representante Comercial; Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil; Audo Faleiro, da Assessoria Especial da Presidência; e Márcio Elias Rosa, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
As negociações entre as equipes devem prosseguir ainda neste domingo, sem horário divulgado. O encontro bilateral ocorreu durante a 47ª cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), da qual ambos os países participam como convidados.
