A tradição de ricos e aristocratas serem de esquerda e apoiarem movimentos socialistas desde o século 19 não é, evidentemente, coisa nova. Entre os bolcheviques e anarquistas russos figuram grandes heróis da aristocracia de então, entre eles, por exemplo, o geógrafo, anarquista e príncipe Piotr Kropotkin e o nobre Mikhail Bakunin. Ricos e aristocratas também se envolveram e se envolvem até os dias de hoje com a direita, obviamente.
No Brasil recente, nomes entre os empresários que se tornaram conhecidos por serem bolsonaristas são conhecidos e esculachados com frequência. Já os ricos apoiadores do PT, entre banqueiros e empresários, são mais discretos e nunca esculachados. Pelo contrário, são elevados à categoria de santidade ideológica e empregam capachos no mundo da cultura em geral. Esses agentes de repressão política estão entre os mais perigosos, hoje em dia, no Brasil. Esses ricos, chiques e famosos povoam as colunas sociais e o imaginário da esquerda.
Seja para que lado for do espectro político, quando bilionários apoiam ideologias políticas, o risco é enorme por razões óbvias. O dinheiro continua sendo a força maior de todas, mesmo entre aqueles atores políticos e financeiros que juram de pé junto que suas vidas são dedicadas à causa dos humilhados e dos ofendidos. Humilhados e ofendidos são usados como commodity política há muito tempo.
Esta é uma das marcas da democracia em sua vocação irresistível ao populismo: humilhados e ofendidos votam e são em grande maioria, principalmente em países como o Brasil. Lula e o PT têm sido os grandes especialistas em populismo, justamente por seu discurso de voto de cabresto em troca do Bolsa Família e de outros quebrantos.
O bilionário de esquerda hoje no Brasil tem prestado um grande desserviço à cultura em geral, na medida em que destrói a diversidade de opiniões, alijando setores do pensamento público que não lambem as suas botas.
Uma das ideias mais falsas que atravessam o discurso de Lula é a de que seu governo e sua história implicam combate aos ricos. Mentira: os governos do PT convivem e conviverão muito bem com certos setores da alta elite econômica brasileira, garantindo que ela fique ainda mais rica, em troca de que esses setores alimentem o projeto petista de transformar o Brasil no seu quintal.
Os jovens egressos desses impérios muitas vezes sofrem de uma culpa barata, de que devem ser petistas e similares, para combater a desigualdade social, da qual eles mesmos são a prova cabal. Tendo suas vidas ricas em dividendos que garantem no mínimo cinco encarnações com dinheiro suficiente para viajar e produzir conteúdos audiovisuais que sustentem o discurso autoritário do PT e similares, esses jovens formam uma casta à parte com vocação natural a divas e divos da cultura nacional.
Qualquer produção que brote de suas cabeças já nasce premiada e com unanimidades a seu serviço. Este é um dos fatores que continua a garantir a miséria da cultura nacional, pois esta, passo a passo, se torna o clubinho da mesmice intelectual e artística dos ricos, chiques, famosos e seus capachos.
No Brasil, a cultura só pode ser produzida pela casta sacerdotal abençoada por Lula e seu séquito. E, quando poderosos segmentos da elite econômica financiam tal forma de destruição do pensamento público, respira-se stalinismo. Como sempre, quando os ricos decidem eliminar “concorrências”, o fazem de forma extremamente competente. O dinheiro nunca perde uma batalha.
A maior prova do equívoco marxista é achar que a alta elite econômica jamais compraria seus agentes revolucionários. No Brasil, a quase totalidade desses supostos agentes revolucionários estão na “folha de pagamento” dos bilionários de esquerda.
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Ao contrário das narrativas equivocadas que circulam por aí, a história prova que muitos profissionais dos setores envolvidos com arte, cultura e letras estão entre os mais baratos da praça. Qualquer trocado garantirá a fidelidade canina e confessa a quem pagar melhor. Muitas vezes, essa fidelidade é dada em troca, simplesmente, da segurança de que terá seu emprego por mais algum tempo.
Gente de dinheiro devia ficar concentrada em vender e comprar tomates, ovos, dólares e bolsas de marca. Quando adentra o mundo da cultura, o faz para produzir lacaios. Nada pior do que um bilionário com consciência social. Pela sua própria condição determinada de bilionário, ele tenderá a esmagar quem se colocar à sua frente como obstáculo. A intenção deles hoje em dia é eliminar todos que se opuserem a eles e transformar a cultura numa terra arrasada.
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