A COP30 se aproxima e as expectativas para o evento aumentam. Qual o futuro climático do mundo e qual o papel do Brasil?
Aprendemos que as emergências climáticas foram causadas pela ação humana, principalmente através da queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás), desmatamento e atividades industriais e agropecuárias.
A meu ver, devemos ir além e entender que esse processo se deu pela falta de respeito do ser humano com a natureza. O ser humano explora o próprio ser humano e também a natureza, que chama de “recursos naturais”. As emergências climáticas são consequência do colonialismo.
Por meio da exploração dos recursos naturais, do desenvolvimento de um modelo econômico baseado na extração e do estabelecimento de um sistema de desigualdades global que concentrou os benefícios da industrialização nos países desenvolvidos ou no norte global, ao mesmo tempo em que causou miséria ecológica e humanitária em ex-colônias, o colonialismo é a base para a crise climática que vivemos agora. A busca por matérias-primas e a imposição de acordos comerciais continuaram a impulsionar a destruição ambiental, perpetuando um ciclo de injustiça climática que perdura.
Países ricos poluíram e poluem mais, mas não querem contribuir para pagar a conta. Há responsabilidades diferenciadas, onde diferente é o impacto desigual, onde somos os mais vulneráveis. O aumento de 2ºC na temperatura da atmosfera não significa a mesma coisa para todos os países e regiões.
O Brasil, em uma região tropical, é uma das áreas mais sensíveis às mudanças do clima e um dos países que serão mais impactados por elas, segundo o pesquisador Paulo Artaxo, do Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa da USP.
O Brasil segue praticando seu colonialismo interno. Recentemente, se tornou o sexto maior emissor anual de gases de efeito estufa e o segundo que mais mata defensores dos direitos humanos e do meio ambiente. Diferentemente de outros países poluentes, o principal gerador da poluição brasileira é o desmatamento, causado principalmente pela agropecuária.
O modelo de agronegócio de larga escala, que utiliza técnicas predatórias, impulsiona as emissões e tem apoio governamental. O primeiro desafio posto é encarar um grupo poderoso na sociedade brasileira, com imenso poder na política e no Congresso, que ainda não se deu conta do seu papel e que insiste em seguir negando o momento decisivo que vive o clima do planeta.
A bancada ruralista é o principal algoz dos povos indígenas atualmente no Brasil, atentando contra a Constituição, inventando marco temporal, criando leis para permitir a exploração territorial e a retirada de direitos conquistados, para dar aval aos capatazes (das fazendas ou das polícias) para que possam atirar e expulsar os povos originários de suas terras ancestrais.
No entanto, as demarcações e a proteção das terras indígenas são, sim, atitudes que o Brasil deve tomar para combater as emergências climáticas. Estudos, pesquisas e imagens de mapas satelitais nos confirmam que terra indígena é sinônimo de floresta, de Terra viva.
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