Em “Aceleração: a transformação das estruturas temporais na modernidade”, Rosa afirma que “a sociedade moderna pode ser entendida como sociedade da aceleração no sentido de que ela contém em si (através de inúmeros pressupostos estruturais e culturais) uma junção de ambas as formas de aceleração —a aceleração técnica e a intensificação do ritmo de vida através da redução de recursos temporais— e da tendência à aceleração e ao crescimento”.
Para ele, “o tempo é, ao mesmo tempo, privado e íntimo e completamente determinado socialmente. Os ritmos, sequências, duração e velocidade do tempo social, assim como os horizontes e perspectivas temporais se furtam ao controle individual, ao mesmo tempo, desenvolve-se claramente em efeito normativo, coordenador e regulador de ações”.
Ou seja: Rosa aponta que o tempo tem sido determinado socialmente (pela lógica do desempenho na sociedade do cansaço, para trazer aqui uma conversa com o sul-coreano Byung-Chul Han) e que a aceleração está conectada com a pressão tecnológica e com a lógica do crescimento, do progresso e do desenvolvimento.
O que ele nos ajuda a compreender é que a aceleração institui a velocidade como norma, gerando uma espécie de pressão pela pressa. Este mundo, para ele, a despeito de parecer movimentado, gera um efeito de “paralisia frenética”. Parece que estamos em movimento, mas estamos correndo e parados no mesmo lugar, derrapando como humanidade, gastando tempo e energia, mas sem tampouco nos movermos.
Do ponto de vista individual, essa pode ser a engrenagem da sensação de esgotamento: muitas pessoas me relatam que passam o dia todo fazendo mil coisas, mas chegam no final do dia com a sensação de que foram improdutivas.
No dia em que a pessoa se sente assim, o imperativo do mundo acelerado venceu: é sinal de que a pessoa correu por pressão da pressa, operando no modo automático, anestésico e ininterrupto, mas —mesmo produzindo o que foi possível naquele dia; e às vezes é muito mais do que o humanamente possível para aquela pessoa— sente que não “entregou tudo” que podia.
