Patrick de Paula foi a primeira contratação milionária de John Textor no Botafogo.
Em março de 2022, o empresário norte-americano desembolsou 6 milhões de euros para tirar o promissor meio-campista do Palmeiras e levá-lo ao Rio de Janeiro — na época, a contratação mais cara da história do clube alvinegro.
“Quando houve a proposta do Botafogo, achei que estava pronto, que conseguiria ter essa responsabilidade, mas não estava — e isso me deu uma baqueada. Eu não estava preparado”, contou Patrick, em entrevista exclusiva ao podcast Futebol no Mundo, que vai ao ar no Youtube da ESPN nesta semana.
Atualmente no Estoril, de Portugal, emprestado pelo Botafogo, o jogador admite que o peso da transferência foi maior do que imaginava. “Chegou um momento em que botei a mão na consciência e pensei: ‘esse fardo é muito grande para mim’. Não era o momento”.
Recomeço em Portugal
A passagem por Portugal tem sido um recomeço para o atleta de 26 anos, que já disputou sete partidas pelo clube na primeira divisão.
“Eu queria esse desafio de jogar fora do país, viver uma nova experiência. Quando decidi vir para Portugal, falei para minha família que era o momento de me desligar do Brasil. O tempo de Brasil, para mim, já deu”.
A trajetória no Botafogo ficou marcada pelo rendimento abaixo do esperado, influenciado também por problemas físicos. Em fevereiro de 2023, Patrick sofreu uma lesão multiligamentar no joelho esquerdo, que o afastou dos gramados por mais de um ano.
Antes disso, em setembro de 2022, foi diagnosticado com paralisia de Bell, uma condição que causa fraqueza facial parcial. Foi nesse período que ele buscou ajuda psicológica.
“Na época eu não trabalhava meu mental. O salário aumentou, você se torna a maior transferência, todo mundo em cima de você, todo mundo te olhando, o mais conhecido do clube, que está se transformando — e você é peça fundamental”.
“É difícil ter tudo isso na cabeça. Foi quando busquei ajuda profissional pela primeira vez. Com a lesão no joelho, me aprofundei ainda mais”.
Ajuda profissional e amadurecimento
O longo processo de recuperação trouxe incertezas e exigiu resiliência. Patrick admite que enfrentou dias difíceis e que o suporte psicológico foi essencial para não desanimar.
“Houve dias em que eu não queria tratar, e o profissional que estava comigo dizia que eu precisava ir, que era o meu trabalho. Eu chorava, pensava em como iria voltar, como seria depois. Quando isso acontecia, eu ligava para ele para conversar”.
Agora o momento é completamente diferente. Totalmente adaptado à liga portuguesa e ao novo clube, Patrick foi titular na derrota para o Sporting por 1 a 0, há algumas semanas, e vem conquistando a confiança do técnico escocês Ian Cathro.
Além do recomeço em campo, o ambiente internacional também o levou a um novo desafio: o idioma. “São muitos estrangeiros no time, além do técnico, por isso se fala muito inglês. Estou aprendendo”.
Nova vida no Estoril
A cidade de Estoril, conhecida pelas belas praias e pelo autódromo onde Ayrton Senna conquistou sua primeira vitória na Fórmula 1, se tornou a nova casa do carioca criado em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro.
Botafogo e Palmeiras mantêm, cada um, 50% dos direitos econômicos do atleta. O empréstimo ao time português vai até o fim desta temporada, quando se encerra o contrato com o clube carioca — que tem opção de renovação por mais um ano.
Hoje, Patrick mora em frente ao estádio do Estoril, em uma área simples da cidade. Atravessa a rua para ir aos jogos e tenta consolidar seu espaço em Portugal, além de reencontrar o futebol que o revelou como uma das grandes promessas do Brasil há poucos anos.
