Produtores rurais de Mato Grosso vivem um cenário de insegurança após as novas homologações de terras indígenas assinadas pelo governo federal.
Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a medida pode comprometer mais de R$ 170 milhões em produção agropecuária e colocar em risco quase 500 empregos, afetando famílias que há décadas trabalham e investem na região.
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Em Brasnorte, o produtor rural, Valdir Pedro Orso construiu, ao longo de quatro décadas, uma área de 2.950 hectares no sistema de integração lavoura-pecuária. Cada cerca, tronco e árvore plantada representa uma linha da trajetória iniciada nos anos 1980, quando, segundo ele, todas as aberturas foram feitas com licenças regulares.
“Esses pés de manga eu plantei, têm 44 anos, é uma história. Agora dizem que vou ter que pagar, mas eu não vendi, todo o dinheiro que me derem é pouco. É injustiça, porque não estão dando chance para a gente se defender”, afirma.
De acordo com o produtor rural, Flávio Giacomet, ele trabalhava com manejo florestal sustentável em quase 5 mil hectares, atividade que empregava cerca de 30 trabalhadores.
Giacomet diz ter adquirido a área legalmente e seguido todas as normas técnicas, incluindo a preservação de árvores marcadas como porta-sementes, mesmo assim, o manejo foi suspenso em 2004 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Desde então, o produtor afirma nunca ter conseguido reativar a atividade. Nesse período, registrou boletins de ocorrência por furto de madeira dentro da propriedade, na tentativa de proteger a área.
Impacto econômico
Só em Brasnorte, o Imea identificou cerca de 250 mil hectares dentro da área prevista para expansão da Terra Indígena Manoki. Nesse território estão 871 hectares de soja, 2,4 mil hectares de milho segunda safra, um rebanho de 44 mil cabeças e mais de 15 mil animais abatidos por ano.
O movimento econômico ultrapassa R$ 80 milhões anuais, sustentando 242 empregos diretos. Produtores afirmam ainda que a ampliação atinge pequenos proprietários do assentamento Banco da Terra, onde cerca de 30 famílias possuem áreas de aproximadamente 100 hectares cada.
Riscos jurídicos e econômicos
De acordo com o Imea, além da Terra Manoki, foram homologadas as áreas Orapuru (Conquista do Oeste e Nova Lacerda), Estação Parecis (Diamantino), Reserva Canela do Araguaia. Juntas, as homologações podem gerar prejuízo superior a R$ 170 milhões e eliminar mais de 400 empregos.
Não foi respeitado os critérios e, acima de tudo, muitas delas não há nem comprovação da presença de indígenas nelas. No mínimo, no mínimo deveria ocorrer uma desapropriação com indenização justa para que essas famílias pudessem se restabelecer em outras localidades e continuar produzindo”, afirma o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Lucas Costa Beber.
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