É natural discutir a preferência por técnicos brasileiros ou estrangeiros. O debate é válido e até necessário. O problema é quando a crítica deixa de ser técnica e passa a ser pessoal, desmerecendo o outro pela sua origem. Quando Leão afirma que “não suporta treinador estrangeiro no meu país” em um evento no qual Carlo Ancelotti estava presente, o que se vê não é defesa do futebol nacional — é deselegância.
A contradição fica ainda mais evidente ao lembrarmos que o próprio Leão já foi técnico de equipes estrangeiras, como no Japão e no Qatar. Ou seja, ele mesmo já representou o Brasil fora de suas fronteiras, recebendo oportunidades em outros países que o acolheram com respeito. Criticar estrangeiros por fazerem o mesmo aqui soa, no mínimo, incoerente.
Oswaldo de Oliveira, por sua vez, reforçou o discurso com frases que generalizam e diminuem o trabalho de técnicos de fora, como se o sucesso deles no Brasil fosse uma invasão indesejada, e não fruto de mérito ou competência. Esse tipo de postura não engrandece o profissional brasileiro — apenas o isola.
O futebol é, antes de tudo, um espaço de troca e aprendizado. Técnicos estrangeiros podem ensinar, mas também aprendem. O mesmo vale para os brasileiros que trabalham fora. Rejeitar essa troca com arrogância ou preconceito não defende o futebol nacional, apenas reforça uma mentalidade ultrapassada.
Mais do que títulos ou currículos, o que diferencia um grande profissional é a capacidade de reconhecer o valor do outro. E, nesse aspecto, as falas de Leão e Oswaldo foram um gol contra — não de tática, mas de postura.
Quem fala tudo o que pensa não é franco, é sem noção e sem educação.
