O Senado dos Estados Unidos aprovou, por 52 votos a 48, uma medida que bloqueia a decisão do presidente Donald Trump de impor tarifas sobre produtos brasileiros. A proposta foi apoiada por todos os democratas e por cinco senadores republicanos, em uma das votações mais apertadas desde o início do atual mandato presidencial.
Tarifa sobre produtos brasileiros
A medida, apresentada pelo senador democrata Tim Kaine, busca revogar a aplicação de tarifas impostas por Trump com base em uma lei que concede poderes emergenciais. O texto ainda precisa ser analisado pela Câmara dos Representantes, onde líderes republicanos adotaram regras que dificultam votações sobre esse tipo de contestação até março do próximo ano.
Além do Brasil, o Senado deve avaliar, ainda nesta semana, resoluções semelhantes para suspender tarifas de até 35% sobre produtos canadenses e entre 10% e 50% sobre importações de outros países. As decisões fazem parte de uma reação do Congresso à política comercial da Casa Branca, considerada por parte dos legisladores como excessivamente intervencionista.
Resistência dentro do próprio partido
A votação ocorreu após um encontro fechado entre o vice-presidente JD Vance e senadores republicanos. Durante a reunião, parlamentares de estados agrícolas manifestaram preocupação com as medidas de comércio exterior e com a possibilidade de ampliação das importações de carne bovina da Argentina, o que, segundo eles, pode afetar os produtores locais.
Entre os críticos das tarifas está o senador Rand Paul, um dos coautores da resolução. Ele argumentou que Trump estaria extrapolando suas atribuições ao impor tarifas de forma unilateral, sem aval do Congresso. “As tarifas estão baseadas em uma emergência fabricada”, afirmou Paul.
A disputa sobre o alcance dos poderes presidenciais no comércio exterior deve continuar nos próximos meses. A Suprema Corte norte-americana deve analisar em breve se as tarifas impostas por Trump violam a autoridade legislativa sobre a política tributária e comercial dos Estados Unidos.
